O tempo em mim
O tempo que me atravessa,
como um rio circular,
não desvanece brandamente, algures
deixa-se ficar:
em cada ruga desnudada
em cada desfolhar de uma madrugada.
O tempo que me cabe na mão
não passa em vão,
molda-me,
molda-se no meu corpo,
em todas as minhas idades,
em todas as minhas linhas,
as singulares
as destoantes.
O tempo que em mim acontece
não o faz levianamente,
deixa-se ficar palavra a palavra,
camada sobre camada,
na minha pele
no meu sorriso
e tão serenamente
espelhado no meu olhar
(Patrícia Brandão)