Estranha forma de ser…
Às vezes pinto palavras
Numa página em branco
Numa pétala do tempo
E há quem diga tratar-se de versos
Eu digo avessos, reversos
Heresias ingênuas
Do meu coração
E assim enquanto acerto ou não
Vou arejando a poeira
A poesia
Que se amontoa no coração
Não por falta de vontade
De verbalizar em sons
Apenas porque de vez em quando
Faz bem o silêncio
E só deixar-se sentir
Deixar-se ficar no cantinho
Adormecido do peito
As vezes desajeitado
Desalinhado do meu verbo ser
Que ora extravasa-se
Ora ausenta-se
Mas mesmo assim
No fim da estrofe
Por vezes curta,
Por vezes esticada
Sou sempre eu
Quem mais poderia ser,
Se não me reconheço ou contento
Com outra forma de viver?
(Patrícia Brandão)