Há momentos, em que sinto que a minha alma é antiga.
Que já viveu e foi muitas outras vidas, em muitos outros tempos. Que aprecia e
valoriza coisas que parecem ter passado de moda, como a gentileza e a
simplicidade.
Acho que nunca estive no tempo certo das coisas, nem das situações. Cheguei cedo
ou tarde demais.
A vida nem sempre me sorriu, mas eu insisti em plantar hortênsias azuis, mesmo
que o tempo não fosse favorável e a chuva não desse sinais de chegar.
Tenho os meus dias de tempestades, e muitas vezes, precisei de me doer até ao osso,
para me refazer, de uma maneira não sei se melhor, mas certamente,
necessariamente diferente.
Como dizia o poeta, trago em mim todos os sonhos do mundo. Ainda escrevo cartas
á mão, onde mais do que palavras, ponho tanto de mim. O que dizer, sou assim.
Gosto do cheiro a papel, da tinta a deslizar, da dança abstrata da mão ao escrever,
enquanto o meu pensamento e coração passeiam de mãos dadas. E as palavras,
essas perduram entranhadas nos dedos.
Ainda encontro poesia em tudo o que me rodeia, preenche e molda.
Posso dizer que continuo inteira, com, e em todos os pedaços que perdi.
Mas o mais belo e profundo de tudo é que eu vivi!!!
(Patricia Brandão)