Ser palavra
Ao escrever,
(trans)formo-me em palavras
que (des)vendam um ser mulher,
embrenhado nas marés
varrido pelos ventos dos tempos.
Palavras que não seria
capaz de as falar
de tão apertada a garganta
embargada pela emoção
de as sentir parte de mim.
Quem as ouviria ?
Quem as escutaria gravadas
no meu olhar?
Será que as entenderiam
como parte de um corpo?
Como essência de um ser?
Ou apenas veriam letras e sons
amontoados nos meus lábios?
Ao escrever deixo de existir,
passo a ser nudez
de sentimentos e pensamentos,
guardados em tantos e todos os mundos
possíveis de acontecer num só corpo
numa só mente,
com perfume e aromas
desejos e sombras
com contornos de mulher!
(Patrícia Brandão)