Desencontros
Há dias em que
Os meus passos
Não me encontram
Ora caminham à minha frente
Ou atrás de mim
Mas não comigo
É como se a estrada
Que se abre ao longe
Chamasse por mim
E eu não ouvisse o seu chamado
E se ouvisse
Por instantes não soubesse
Como caminhar
São irónicos e por vezes irreais
os desencontros em mim
Ao longe uma ave canta
O seu canto é certamente de alegria
O seu voo é de liberdade
Mas os traços que deixa nos céus
Falam-me de saudades repentinas
Sem motivo ou razão
Sem nome ou rosto
Já sem lume por onde arder…
Às vezes o dia veste-se de noite
Cedo demais
Porque o sol ainda brilha alto
E a lua continua adormecida
Mas o tempo em mim
esse precisa recolher-se
Das emoções imprevistas da vida
Avassaladoras
Desinibidas
Profundas
E tantas vezes fora de formato
E sem medida
Porque sentir imensamente
É a medida que melhor me assenta
Que me inspira,
E define a minha essência,
Que me traduz!
(Patrícia Brandão, A rapariga da ilha)