Silêncio(s)
Dias há, em que preciso isolar-me do ruído do mundo à minha volta.
Recolher-me num silêncio, intimista e reparador.
Aprender a amar o som dos meus passos a afastarem-se de coisas e situações, que não
são mais para mim. Que enfastiam a minha alegria de viver.
A apreciar o momento onde estou, porque cada etapa, cada estação da vida, tem o seu
propósito.
A acreditar que algo melhor, está para chegar, mesmo que eu ainda não o consiga ver,
trazendo assim serenidade ao momento presente.
A dar como perdidas, nos ventos do tempo, algumas palavras que já não me cabem, não
me retratam, ou em nada me acrescentam.
Palavras agora desajustadas da mulher que (ad)miro, refletida no espelho.
E quem eu fui, já não importa tanto quanto como, quem eu sou hoje.
Deve haver um nome para descrever este sereno desapego, este orvalhar de emoções.
Talvez seja maturidade, metamorfose ou superação.
Qualquer que seja o nome, veste-me na medida certa.
Uso-o com imensa gratidão.
(Patrícia Brandão)