Promover a inclusão social através da música e da criação de uma orquestra de cordas é a finalidade do “Raizarte – Uma orquestra, três comunidades”, que a Quadrivium – Associação Artística está a levar a cabo até ao final de 2023.
O projeto orquestral, iniciado em 2021, destina-se a crianças de três concelhos da ilha de São Miguel: Nordeste, Ribeira Grande e Vila Franca do Campo, e alia a aprendizagem musical com o desenvolvimento pessoal e social daquele público.
Amâncio Cabral, diretor artístico do projeto, em entrevista à Atlântida, revelou que a associação conta com a parceria da Solidaried’Arte, das câmaras municipais de Nordeste e Vila Franca do Campo e, ainda, da Santa Casa da Misericórdia do Divino Espirito Santo da Maia, na Ribeira Grande. Segundo explicou, neste momento a Quadrivium está a trabalhar cada grupo separadamente, para, mais tarde, juntar os três polos “numa grande orquestra de cordas”, pretendendo envolver cerca de 75 elementos.
O responsável adiantou, ainda, que a iniciativa conta, também, com a colaboração de três compositores: Antero Ávila, Teresa Gentil e Sara Ross, que farão obras específicas para o projeto e que “terão a participação direta” dos jovens músicos.
O diretor artístico refere que têm um grande número de membros na Maia, contudo, admite que têm tido dificuldade em captar crianças nas outras duas localidades, devido à pandemia.
Amâncio Cabral fala da importância do projeto.
O responsável frisa ainda, que não têm a “ilusão de mudar a vida dos participantes de uma forma radical”, mas têm a esperança de ser “uma pequena peça na engrenagem” no percurso de cada um deles.
De acordo com Amâncio Cabral, o feedback das crianças envolvidas é positivo, referindo que mostram “alegria” quando estão nas sessões.
Questionado sobre como olha para a música fora do concelho de Ponta Delgada, o também professor de música no Conservatório Regional, salienta que, excetuando as bandas filarmónicas, grupos de cantares e corais, a “aprendizagem musical não tem mais veículos a não ser em pequenas academias, muitas delas viradas para instrumentos de sopro”. Diz, ainda, que o que lhe parece é que a população vê para o conservatório “como algo que não é para todos” e só para uma franja da sociedade, salientando que a iniciativa pode levar à “periferia” outro tipo de experiências. No entanto, refere que sempre houve alunos naquela escola de música vindos dos concelhos onde estão a desenvolver o “Raizarte”, contudo, são de “classes sociais mais preparadas para introduzir os seus educandos nessa área de aprendizagem”, deixando de fora desta escolha, na sua opinião, “uma forte faixa da população”.
O projeto é apoiado pelas fundações Calouste Gulbenkian e “la Caixa”, através do programa Partis & Art for Change, que tem como intuito fomentar e difundir o papel cívico da arte e da cultura participativas, enquanto impulsionadores de mudança e de transformação social. A iniciativa foi uma das 16 vencedores de um total de 132 candidaturas.
Fonte: Rádio Atlântida