Nos Açores, há cada vez mais jovens a começar a fumar. Uma realidade que o médico pneumologista, José Dias Pereira, considera “alarmante”. Segundo o especialista, “infelizmente” ainda muitas pessoas fumam na Região, sendo que as estimativas rondam os 26%.
Segundo o pneumologista, que falava à Atlântida, no âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala domingo, nos últimos anos, e muito em parte devido às “novas experiências do tabaco”, nomeadamente o de vapor, há jovens que começam a fumar aos 13 anos, facto que diz ser “devastador”.
Com base nas suas consultas, Dias Pereira refere que as pessoas têm muita dificuldade em deixar de fumar, salientando que apesar da maioria dos centros de saúde da Região disponibilizar consultas de cessação tabágica, “o sucesso é baixo”. Isto porque, acrescenta, os fumadores não têm “força de vontade suficiente” porque estão dependentes e visto que a nicotina é uma substância que “joga numa área muito grande da dependência”.
Por outro lado, o médico sublinha que a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é a principal patologia que está relacionada com o tabaco, que mata cerca de 1 milhão e 500 mil pessoas, na Europa, por ano, e mais de três milhões em todo o mundo. Em Portugal, sabe-se que há cerca de 3.000 mortes, por ano, relacionadas com o tabaco e doenças associadas, como é o caso da bronquite crónica, cancro do pulmão, enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e hipertensão.
No contexto da pandemia, José Dias Pereira frisa que os doentes com bronquite crónica são mais suscetíveis de contrair Covid-19.
Para o pneumologista, é extremamente importante que sejam tomadas medidas na Região, de forma a que o número de fumadores diminua. Dias Pereira defende que uma delas passa pelos profissionais de saúde encaminharem os utentes fumadores para uma consulta de cessação tabágica e outra tem a ver com a prevenção.
O “aumento significativo” do preço do tabaco e programas de proibição do uso do mesmo são outras medidas defendidas pelo médico.
Neste Dia Mundial Sem Tabaco, Dias Pereira aconselha deixar de fumar, pois “não só poupa dinheiro”, bem como, e principalmente, “está a contribuir para não vir a contrair doenças gravíssimas”, que podem levar à morte. Numa mensagem dirigida aos Governos, o especialista sublinha que era muito importante “levarem a sério a calendarização de boas práticas, rigorosas e já testadas”, de forma a evitar que se comece a fumar cedo demais e se desincentive esta prática.
Fonte: Rádio Atlântida