Nos Açores são diagnosticados, por ano, 57 novos casos de cancro da cavidade oral. A informação foi avançada, à Atlântida, pelo coordenador do serviço de Saúde Oral da Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel (USISM), em pleno Dia Mundial da Saúde Oral.
José Gabriel Moniz revelou que existem também lesões pré-malignas, mas como são acompanhadas a nível hospitalar, há uma redução baixa em se tornarem cancerígenas.
O médico dentista afirmou que a região é uma das pioneiras na prestação de cuidados de saúde oral nos centros de saúde.
Questionado sobre o que falta fazer para atingirem a meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde, o especialista diz que têm de continuar a trabalhar e a fomentar bons hábitos de higiene, salientando o facto de as equipas da USISM irem às escolas ensinar como os alunos devem usar o fio dentário, como devem escovar os dentes, os cuidados a ter com a alimentação, entre outros.
Revelou que atualmente trabalham naquela unidade de saúde 12 médicos dentistas, em 10 gabinetes de saúde oral, abrangendo todos os concelhos da ilha de São Miguel.
Avançou que anualmente realizam 16 mil consultas de medicina dentária, efectuando 17.500 atos clínicos.
No que toca à saúde oral escolar, realizaram 112 visitas a 90 escolas da ilha, concretizando 3.900 rastreios. Executaram, também, no âmbito do PICCOA – Programa de Intervenção no Cancro da Cavidade Oral nos Açores, 4.400 rastreios. Este visa “identificar atempadamente as lesões pré-malignas e malignas da cavidade oral de homens e mulheres, com idades compreendidas entre os 40 e os 75 anos, e que decorre de cinco em cinco anos.
Relativamente a consultas, o responsável diz que há maior adesão por parte do género feminino em relação ao masculino, salientando que as faixas etárias com mais consultas são as dos 10 aos 19 anos e menos são as com mais de 80 anos.
A cárie dentária é a doença que predomina em São Miguel e nos Açores, “não fugindo à regra a nível mundial”.
A peridontite e a flúor dentária são outros dos problemas que afetam a população. José Gabriel Moniz adianta que esta última foi “endémica” na região, por ter existido excesso de flúor nas nossas águas. Contudo, o responsável assegurou que este processo foi ultrapassado, por ter sido feito um mapeamento das águas dos concelhos que tinham excesso daquele mineral. Evidenciou que o flúor é bom para a proteção dentária, no entanto, em demasia pode alterar o esmalte dos dentes.
O dentista refere que a doença peridontal é mais frequente nas mulheres e isso se deve às alterações hormonais que esta sofre ao longo da vida, como a gravidez, a menstruação ou a menopausa.
Falta de médicos dentistas é uma das dificuldades que aquele serviço enfrenta.
José Gabriel Moniz afirma que a população açoriana está cada vez mais sensibilizada para os cuidados a ter com a saúde oral, deixando alguns conselhos, como ter uma boa higiene oral, lavar os dentes corretamente, durante dois minutos e, pelo menos, duas vezes por dia, preferencialmente de manhã e à noite, usar uma pasta com flúor e escova adequada à sua idade, utilizar o fio dentário e lavar a língua.
Na sua mensagem, o especialista alerta de que não há saúde em geral se não houver saúde oral, explicando que “quando uma pessoa não goza de saúde oral não está perfeita de saúde, não tem qualidade de vida, nem bem-estar”. Refere ainda que ter saúde oral “não é estar livre de todas as doenças da cavidade oral, da dor”, mas também de “todas as situações e distúrbios que impeçam o indivíduo de morder, mastigar, sorrir e falar”.
Capacitar as pessoas com ferramentas e conhecimentos para prevenir e controlar as doenças orais, que afetam cerca de 3,5 bilhões de pessoas em todo o mundo é o objetivo de comemorar esse dia.
Fonte: Rádio Atlântida