As taxas globais de suicídio na Região rondam cerca de 12,5% por cada 100 mil habitantes por ano e são superiores à média nacional, sendo que três em cada 10 açorianos sofre de algum tipo de distúrbio psicológico. Os dados foram avançados pela médica interna de Medicina Geral e Familiar da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel (USISM), que falava, à Atlântida, em pleno Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.
Sara Ponte revela, ainda, que os Açores são a região do país com a mais elevada taxa de suicídio entre a população jovem, na faixa etária entre os 15 e os 29 anos.
Segundo a médica, o suicídio “é desencadeado devido ao estigma que existe pelas perturbações mentais”, explicando que “há uma desvalorização do sofrimento psicológico e isso inibe as pessoas de procurarem ajuda”.
Inspirada na iniciativa “Setembro Amarelo” e com a finalidade de combater o estigma das perturbações mentais e despertar a comunidade açoriana para o tema da depressão e do suicídio, por ser um problema de saúde prevalecente no arquipélago, o Grupo de Internos de Medicina Geral e Familiar da USISM lança, hoje, a campanha “Se estás à procura de um sinal para viver, é este”.
Sara Ponte referiu que a maioria das pessoas que comete suicídio apresenta sinais de alerta, salientando que as pessoas devem estar atentas. Isolamento; mudanças comportamentais; impulsividade; agressividade; deixar de fazer o que gosta; deixar de cuidar de si; sentimentos de culpa; despedir-se das pessoas como se não fossem vê-las novamente; falar frequentemente na morte e partilhar ideias suicidas são alguns dos sinais.
“Quero desaparecer”; “vou acabar com a dor”; “não sirvo para nada” são algumas das expressões que muitas vezes são pronunciadas pelas pessoas com tendência suicida.
A médica frisou, no entanto, que há, também, fatores de risco, referindo que o suicídio na família ou tentativa prévia; doenças mentais; abuso sexual na infância; alta médica recente em resultado de internamento psiquiátrico; doenças graves; comportamentos auto-lesivos; e eventos traumáticos, como desemprego e luto são outros fatores que podem contribuir para uma pessoa querer pôr termo à vida.
A especialista dá alguns conselhos de como devemos agir quando nos deparamos com uma pessoa com um comportamento suicida.
Sara Ponte disse, ainda, que caso se esteja perante uma pessoa em situação iminente de suicídio, não a devemos abandonar, garantindo que a mesma não tenha acesso aos meios para por termo à vida e, se necessário, acompanhá-la ao serviço de urgência ou telefonar para o 112.
A especialista afirma que “a vida é feita de desafios e que o sofrimento existe” e que este deve ser partilhado, assegurando que as pessoas “não estão sozinhas e que existe um conjunto de profissionais de saúde que estão preparados para ouvir, auxiliar e trazer um novo trajeto de esperança na vida dessas pessoas”.
A médica salientou que esta iniciativa vai ser materializada em outdoors, mupis e desdobráveis, com o intuito de sensibilizar a população para uma mudança de atitude.
Sara Ponte frisou que o conteúdo da campanha foi alvo de uma avaliação conjunta pela Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses; pelo Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, pelos médicos especialistas de Medicina Geral e Familiar e pelos Psicólogos da USISM.
A campanha estende-se até ao final deste ano.
Fonte: Rádio Atlântida