Substituir artigos de plástico descartáveis por peças produzidas em fibra vegetal da conteira é a finalidade do projeto de investigação científica “Innovation Green Azores”. Criação de riqueza, de emprego e benefícios ambientais são os principais motores da iniciativa.
Conseguir uma solução para a planta invasora conteira, que prolifera em oito das nove ilhas do arquipélago, é outro dos propósitos.
Segundo Roberto Amorim, mentor do projeto, já foram produzidos recipientes para líquidos à temperatura ambiente e de utilização única, como copos e cálices. Estes últimos poderão servir para as provas de licores em adegas, destilarias, postos de informação turística, entre outras.
O responsável, em entrevista à Atlântida, afirmou que estes produtos trazem vantagens a diferentes setores, evidenciando algumas delas.
Replicar o conhecimento pela Região é outra das vertentes do “Innovation Green Azores”, revelando que, por exemplo, na ilha de Santa Maria poderá existir uma unidade de processamento de malgas de sopa. Já a Graciosa, poderá ser responsável pela produção de cálices e as Flores poderão produzir bases, cuvetes, entre outras. Na vertente não biodegradável, há “uma infinidade de outros produtos ao nível do ‘merchandising’”, como ímanes, crachás de identificação, quadros, etc., que serão produzidos com fibra de conteira, mas terão de ser revestidos com outros materiais que “não sejam tão biodegradáveis”.
Para produzir essas peças, a conteira depois de apanhada deve ser processada, entre três dias a três semanas, é seca e, de seguida, é triturada e misturada com ligantes biodegradáveis para depois moldar o artigo. O mentor adiantou que estão a aguardar resultados dos testes de migração, de forma a saberem se existe transferência de fibras ou de bactérias para os produtos que os recipientes poderão conter.
Sobre os constrangimentos que têm encontrado ao longo de todo o processo, Roberto Amorim revela que os Açores não possuem uma Direção Regional da Indústria e que existe demasiada burocratização, frisando que, apesar disso, têm surgido novas oportunidades.
O responsável afirma que o projeto tem muito valor para Região.
Roberto Amorim refere que os protocolos poderão ser realizados com universidades e centros de investigação de países como a Nova Zelândia, África do Sul e Havai, por serem locais onde possuem conteiras.
Urnas para animais de estimação e desenvolver projetos na área do design são outras das intenções do projeto.
Questionado sobre quando estarão à venda as peças, o responsável não revelou uma data, adiantando que será para breve, por ainda estarem a concluir algumas questões relativas com a propriedade da conteira, explicando que esta existe em propriedades privadas, bem como em espaços públicos da responsabilidade de várias entidades, como o IROA – Instituto Regional do Ordenamento Agrário, os serviços municipais e de várias secretarias, afirmando que “há uma grande complexidade quanto ao “dono” da matéria-prima”.
Esta iniciativa tem como promotora a Associação Agrícola de São Miguel, em parceria com a Universidade dos Açores e diversas empresas locais.
Fonte: Rádio Atlântida