Atualmente são cerca de 600 as mulheres imigrantes de nacionalidade brasileira, ucraniana e de países africanos que residem nos Açores, principalmente nas ilhas do Pico, Faial, São Miguel e Terceira.
Pelo facto da Região não ter até hoje nenhum trabalho de pesquisa que estudasse as mulheres imigrantes, foi realizado um estudo sobre a caracterização das mulheres daquelas nacionalidades a residir no arquipélago, coordenado pela professora Piedade Lalanda, do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade dos Açores (CICS.UAc).
Para além da caracterização dessas mulheres, outro dos objetivos do estudo foi perceber como é que a população açoriana acolhe estas pessoas que vêm de fora. A maioria das inquiridas dá nota positiva.
As conclusões desse estudo vão ser apresentadas, no próximo dia 26 de junho, durante a conferência “(Ser) imigrante (e) mulher nos Açores”, que vai decorrer em Ponta Delgada.
Trata-se de uma iniciativa conjunta do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade dos Açores (CICS.UAc), da Direção Regional das Comunidades, da Associação dos Imigrantes dos Açores (AIPA) e da Cooperativa Regional de Economia Solidária (CRESAÇOR), financiada pelo Fundo Asilo Integração e Imigração (FAMI) e pelo Governo dos Açores.
Foram realizados vários questionários, através destes parceiros, em que 109 foram considerados válidos. Níveis das dificuldades na integração; projetos de ficar ou regressar ao seu país; razão porque decidiram imigrar e caracterização da comunidade onde reside foram algumas das perguntas que constavam no inquérito.
À semelhança do que tem acontecido em Portugal Continental e na Europa, tem-se assistido, nos Açores, nos últimos cinco anos, a uma feminização da imigração, pois há cada vez mais mulheres entre os imigrantes.
Outro dos resultados do estudo foi precisamente que muitas destas mulheres foram as primeiras a imigrar das suas famílias.
Ainda no âmbito da conferência, que terá lugar no auditório Luís de Camões, em Ponta Delgada, no dia 26 de junho, às 15h45, decorrerá um debate sobre as “Migrações femininas: a realidade portuguesa”, a cargo do professor José Carlos Marques, especialista em emigrações e imigrações em Portugal.
De acordo com Piedade Lalanda, a verdade é que “a imigração está a mudar”, pois as pessoas já não imigram tanto pelo “reagrupamento familiar”, mas sim à procura de melhores condições de vida e, principalmente, de segurança.
A professora e investigadora sublinha que Portugal “precisa dessas pessoas, do ponto de vista demográfico e económico”, defendendo que há que “fazer cada vez mais a experiência da multiculturalidade”. Para Piedade Lalanda, “a diversidade cultural é o traço forte do século XXI”.
O programa inclui ainda as intervenções do Alto Comissariado para as Migrações (ACM), pela Alta-Comissária Sónia Pereira, do diretor regional das Comunidades, José Andrade, e dos representantes das entidades parceiras, Leoter Viegas, da AIPA, e Ana Silva, da CRESAÇOR.
Haverá também momentos musicais, executados por imigrantes de origem africana, brasileira e ucraniana.
Fonte: Rádio Atlântida