A pandemia veio revitimizar as mulheres que são vitimas de violência doméstica. A afirmação é da presidente da UMAR Açores – Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres que adianta que até outubro deste ano registaram 20 novos casos de pedidos de ajuda por parte de mulheres, estimando que, até ao final de 2020, se contabilize cerca de 30 novos casos.
Um número bastante inferior quando comparado ao de anos anteriores, mas justificado, desde logo, pelo confinamento provocado pela Covid-19.
Maria José Raposo, que falava à Atlântida, em pleno Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, sublinha que com o atual surto, muitas mulheres viram-se privadas de pedir ajuda.
Em contrapartida, a responsável revela que em termos de casos transitados, isto é, casos reabertos, os números têm vindo a aumentar. Após o primeiro confinamento, no final de maio e inicio de junho, registou-se um ‘boom’ de casos para reabrir. Maria José Raposo acredita que haja um aumento este ano relativamente a este tipo de casos, estimando que se aproxime dos 250.
A presidente da UMAR Açores vai mais longe e diz mesmo que, quer sejam novos casos, quer sejam casos transitados, os números não são completamente reais, pois acredita que haja muitos mais que não foram conhecidos devido à pandemia.
Segundo a responsável, os novos casos que surgiram este ano correspondem a mulheres entre os 45 e os 60 anos.
A violência física é aquela que leva mais mulheres a procurarem ajuda e Maria José Raposo alerta que um tipo de violência nunca vem surge sozinha, ou seja, quem exerce a física, também exerceu a psicológica e verbal, que muitas vezes está associada à violência sexual e económica.
Neste Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, a responsável deixa uma mensagem.
Já às vítimas deixa uma mensagem de esperança, avançando que podem pedir ajuda à UMAR, através da Linha SOS Mulher, dos seus outros contactos, da Rede Social Facebook ou por e-mail.
A presidente da UMAR Açores lamenta, no entanto, que apesar da população estar informada sobre os seus direitos e poderes para denunciar, ainda está muito longe da prática. Maria José Raposo salienta que qualquer pessoa pode e deve denunciar um caso de agressão, podendo fazê-lo de forma anónima.
Este ano já morreram em Portugal Continental cerca de 20 mulheres e até ao momento não há registo de nenhuma morte na Região. No entanto, houve várias tentativas de homicídio.
Ainda no âmbito deste dia, a UMAR vai lançar uma campanha de sensibilização e vai participar no webinar intitulado “Até que a violência nos separe”, organizado pelo Núcleo da Amnistia Internacional de São Miguel, em parceria com a Letras Lavadas. O evento terá transmissão, através das suas páginas do Facebook e Youtube, a partir das 18h30, desta quarta-feira.
Além da presidente da UMAR Açores, participarão também Malvina Sousa, autora do livro “Até que a violência nos separe”; Raquel Rebelo, gestora do Gabinete de Apoio à Vítima de Ponta Delgada – APAV Açores; e Piedade Lalanda, professora coordenadora da Escola Superior de Saúde.
Fonte: Rádio Atlântida