O número de pedidos de apoio em contexto de violência contra um idoso aumentou em 2023 e são, maioritariamente, infligidos a mulheres e reformados. De acordo com Emanuela Braga, gestora do gabinete da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima nos Açores (APAV) de Ponta Delgada, a propósito do Dia Mundial da Consciencialização da Violência Contra a Pessoa Idosa, que se celebra amanhã, o medo é um dos impedimentos para a denúncia.
No ano transato, 14% das pessoas apoiadas pela APAV tinham 65 anos ou mais. Um aumento, “pouco significativo”, face a 2022, com 12%, e cujos casos tendem a ser sinalizados por terceiros.
Segundo Emanuela Braga a agressão ocorre, principalmente, em contexto intrafamiliar, praticada por cônjuges, filhos, netos com a qual coabitam ou ainda por cuidadores formais ou informais, onde há uma maior proximidade.
Há ainda uma grande dificuldade por parte da vítima em avançar com um procedimento criminal ou procurar apoio junto das entidades e uma das principais razões é o medo.
O acréscimo de casos que chegam à APAV também se deve ao aumento da consciencialização e maior divulgação de informação, bem como a importância de sinalizar situações impróprias. Em entrevista à Atlântida, Emanuela Braga ressalva que a denúncia é, por vezes, o único mecanismo para “proteger, reabilitar e informar sobre os benefícios em apresentar uma queixa-crime”.
Em comparação ao ano passado, a violência financeira continua a ser um dos principais indícios nesta faixa etária, mas a física, sexual e psicológica também são abusos comuns.
Ainda, muito associado a este tipo de comportamento, está o consumo de substâncias ilícitas por parte do agressor, que, para fazer face à adição, agride e abusa do idoso.
Já em contexto nacional, no ano passado, registou-se “mais de 1600 pessoas idosas vítimas de crime e violência, refletindo-se em 32 pessoas por semana e cinco por dia”.
Fonte: Rádio Atlântida