Nos últimos tempos, a forma como as pessoas se relacionam tem vindo a sofrer alterações e leva a que tenham mais dificuldade em estabelecer contatos reais. Em pleno Dia de São Valentim, a psicóloga clínica Matilde Dias Pereira refere, em entrevista à Atlântida, que as mudanças no estilo de vida, a pressa, o stress, bem como o uso do telemóvel e dos aplicativos, tanto de namoro como das redes sociais, fornecem uma “falsa alegria” e geram conetividade ao invés de conexão.
Surgem, assim, novos tipos de relacionamentos como o pocketing, a situationship e o trisal.
Refere-se a pocketing (traduzindo para português como ‘guardar no bolso’) quando uma pessoa evita apresentar o/a parceiro/a para amigos e familiares, mantendo o relacionamento “escondido”. Por sua vez, trisal é uma configuração de relacionamento que envolve três pessoas, com consentimento e reciprocidade entre todos.
Já a situationship é uma relação indefinida, em que as pessoas envolvidas têm algum tipo de vínculo afetivo e/ou sexual, mas sem um compromisso claro ou rótulo.
Estes tipos de relações têm “consequências nefastas” a nível psicológico, emocional e social. Podem manifestar-se como “sentimentos de culpa, baixa autoestima, solidão, angústia, muita falta de amor-próprio e autoconfiança”. Num nível mais avançado, “a despersonalização pode provocar vazio e ferimento psicológico”. Deste modo, é necessário identificar limites saudáveis nestas dinâmicas, tal como recuperar a conexão.
Todavia, Matilde Dias Pereira acredita que é “importante respeitar, sem julgamento, a liberdade de escolha de cada indivíduo”, mas deixa a ressalva que é primordial “estar bem informado sobre estes novos tipos de relação e os seus impactos”. Para isso, “a pessoa deve estar muito segura de si, saber o que pretende e para onde caminha” de forma a não ser afetada por nenhum comentário pejorativo.
Ainda assim, apesar da tendência para estes relacionamentos evoluírem, tendo em conta a sua ligação à tecnologia, a psicóloga alerta que é necessário estabelecer relações reais, caso contrário o toque, o olhar nos olhos, o afeto, entre outros, poderão deixar de existir.
Fonte: Rádio Atlântida