O Dia Internacional do Enfermeiro assinala-se hoje e a Atlântida quis dar voz a quem cuida. Em dois testemunhos, de duas especialidades diferentes, o que os move são a força e o amor à profissão, apesar das dificuldades sentidas.
Patrícia Pombo Tavares lida com crianças, desde o nascimento até aos 17 anos, e ser enfermeira em Saúde Infantil e Pediatria no Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, é trabalhar diariamente “com a emoção e com o coração”.
Para a profissional de saúde, “nenhum dia é igual”, sendo pautado tanto por momentos de “uma felicidade tremenda” ao ajudar a nascer, crescer, como “em saber estar presente numa situação de doença crónica ou de fim de vida”. Aqui, os utentes e os seus progenitores “esperam empatia, conhecimento, responsabilidade e ética de serviço” por parte de quem os trata.
Segundo Patrícia Pombo Tavares, para lidar com as emoções nesta área “é importante estar “rodeado de pessoas boas para ajudar na sua autorregulação após momentos difíceis”.
Além disso, apesar de a enfermagem ter tido alguns avanços nos últimos anos, a especialista alerta para a necessidade de “uma remuneração mais equitativa para as reais funções desempenhadas”, e não só.
Já no caso de Tomás Ornelas, foi o gosto pela saúde comunitária e mental que o levou a se tornar enfermeiro. Como coordenador deste ramo na Arrisca – Associação Regional de Reabilitação e Integração Sociocultural dos Açores, o seu dia a dia é “muito dinâmico e desafiante”, alternando entre o trabalho no terreno e em sede.
Apoio domiciliário, cuidados continuados em saúde mental, tomas observadas de metadona, tratamentos de feridas, testes de despiste e rastreios são alguns tipos de respostas dadas a “um público-alvo vulnerável, com problemas económicos ou alvos de discriminação”.
Segundo o profissional de saúde, muitas vezes até se tornam num “ombro amigo” destes utentes, o que exige alguma “resistência, resiliência e estratégias de comunicação” para manter um pensamento clínico ao mesmo tempo.
Como há um contato direto com indivíduos com comportamentos aditivos, substâncias psicoativas ilícitas, condições não químicas, entre outros, Tomás Ornelas está susceptível a comportamento violentos, sendo necessário, por vezes, recorrer ao auxílio da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Deste modo, o enfermeiro acredita na importância de “um subsídio de risco” para esta vertente.
O desabafo, a partilha de experiências e a interajuda entre a equipa são fundamentais para ultrapassar os desafios diários.
Fonte: Rádio Atlântida