A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses dos Açores (CGTP/A) já contava que 2020 fosse um ano difícil, mas a pandemia da Covid-19 veio fazer com que este ano se tornasse “efetivamente mais difícil”.
João Decq Mota, coordenador regional daquela central sindical, em entrevista à Atlântida, diz que há questões estruturais, nomeadamente a precariedade laboral, os baixos salários, alterações ilegais dos horários de trabalho, entre outras, que já existiam antes da pandemia, mas que se vieram a agravar com a crise pandémica.
O sindicalista refere que algumas medidas tomadas pelo anterior Governo Regional, relativamente a complementos ao layoff nacional e a outros tipos de apoios às empresas, fizeram com que “aparentemente o desemprego na Região não aumentasse” este ano. Contudo, explica João Decq Mota, ao aprofundar os números, chegam à conclusão que isso não aconteceu, embora os Açores estejam melhores do que o resto do país.
O coordenador regional afirma que é necessário inverter a política de baixos salários e de precariedade, pois, na sua opinião, se tal não acontecer “não haverá desenvolvimento económico”.
João Decq Mota revelou que a precariedade no arquipélago afeta cerca de 23% do emprego assalariado, atingindo mais os jovens.
A CGTP/A considera ser necessário assegurar o aumento do rendimento das famílias açorianas, frisando que um dos instrumentos é o aumento do acréscimo regional ao salário mínimo nacional, afirmando que este deve subir de 5% para 7,5%, com a finalidade de, segundo o sindicalista, “reduzir as disparidades nos rendimentos entre os trabalhadores açorianos e nacionais”, como também, “contribuir para minorar as dificuldades de um grande número de açorianos”.
Aumento geral dos salários; aumento da capacidade financeira da Segurança Social para assegurar a melhoria das pensões e da proteção social, assim como das receitas fiscais do Estado para garantir mais e melhores serviços públicos aos trabalhadores e suas famílias e o combate ao trabalho precário ilegal, dando prioridade à proteção dos trabalhadores, através de um plano de combate ao trabalho precário são algumas das 12 medidas imediatas que a CGTP/A apresenta para inverter este ciclo económico e para que haja uma recuperação “célere e eficaz” da economia açoriana.
Relativamente a perspetivas para 2021, João Decq Mota refere que, no que toca à pandemia, a CGTP/A tem a esperança na vacina, salientando, no entanto, que a vacinação poderá ser um processo “lento e demorado”, esperando, contudo, que seja “profícuo”. Quanto à recuperação da economia, dos aumentos salariais e da diminuição da precariedade, a central sindical afirma não ter “ilusões”, defendendo que todas as situações só podem melhorar “com a luta e a persistência dos trabalhadores”.
Fonte: Rádio Atlântida