Pedro Peixoto adiantou que, atualmente, naquele serviço estão 29 utentes a fazer reabilitação em regime ambulatório e, no fim da semana passada, havia nove doentes em tratamento em regime de internamento. O médico diz que há uma “ligeira predominância de homens do que mulheres” com esta lesão. Quanto a idades, a maioria dos doentes com AVC tem mais de 50 anos.
O responsável refere que as sequelas dependem das regiões que afetam o sistema nervoso central, tendo destacado as mais comuns.
“Se calhar, as mais visíveis para as pessoas são a fraqueza muscular, na maioria das vezes, afetando uma metade do corpo, isto, em fase aguda, cerca de 90% das pessoas terão atingimento nessa função”, adiantou o médico fisiatra, acrescentando que “depois temos múltiplas outras alterações, nomeadamente na linguagem, afetando cerca de metade das pessoas e cerca de 30% vê a sua capacidade de engolir, também, afetada”. Pedro Peixoto revela, ainda, que “há défices nas funções superiores, na cognição, nomeadamente na memória, na capacidade de raciocinar e de exercer funções de lógica em cerca de um terço das pessoas e, também, numa fase inicial, um terço dos doentes são afetados com continência urinária ou fecal”.
Pedro Peixoto revelou que a maioria dos doentes que é atendida naquele serviço começa a ser examinada, imediatamente, no internamento, “desde que os utentes apresentem uma situação clínica estável”, adiantando que têm, também, uma parceria com o Serviço de Neurologia e com a Unidade do AVC.
O fisiatra diz que o trabalho de reabilitação é multidisciplinar, havendo sempre uma parceria entre o Serviço de Medicina Física e de Reabilitação com outras áreas. Terapia da fala; fisioterapia e terapia ocupacional são as áreas ligadas àquele serviço, contando, ainda, com o apoio do serviço social; da psicologia; da ortoprotesia; da enfermagem de reabilitação e da Unidade de AVC.
Sobre o resultado final de reabilitação, Pedro Peixoto afirma que este depende sempre de muitos fatores associados, quer à extensão dos danos provocados pelo AVC, quer a fatores de saúde geral; do apoio social e familiar; fatores motivacionais; e do acesso aos cuidados de reabilitação. O médico refere que há uma “percentagem muito relevante de pessoas que estabilizam”, não havendo uma “recuperação completa”.
“Sabemos que, por exemplo, cerca de metade das pessoas que têm o AVC poderão necessitar de algum tipo de ajuda, nem sempre completa, por exemplo, para o desempenho das atividades de vida diária, como o uso da casa de banho, capacidade de tomar banho, de cuidar de si e da sua higiene, de comer autonomamente, etc”, salientou o responsável. Pedro Peixoto frisou que “cerca de 15% dos doentes com AVC ficam incapazes de se deslocar pelos seus próprios meios e a nível, por exemplo, laboral, cerca de 60% das pessoas ficam com algum grau de incapacidade laboral e, portanto, as sequelas vão depender, sempre, de vários fatores e, infelizmente, nem sempre são favoráveis”.
O Dia Nacional do Doente com AVC comemora-se este domingo e foi instituído no ano de 2003, com o objetivo de sensibilizar a população para a realidade da doença em Portugal e promover a melhoria das práticas profissionais de saúde, incentivando uma dinâmica que conduza a novas atitudes.
Desvio da face; falta de força num braço; e dificuldade na fala são os principais sinais de alerta de um AVC.